A Companhia das Lezírias é um desafio ao tempo. A empresa sediada em Samora Correia conserva a portugalidade de um passado rural, mas cresce, em terrenos otimizados pela aptidão em construir futuro e sistematizar conhecimento.
O sol estende-se em mãos e dedos longos a abraçar a vastidão do Tejo ao Sorraia, onde também o tempo corre como um rio, fértil nas suas margens seculares. Os cerca de 20.000 hectares da Companhia das Lezírias também viram plantar a mudança, cíclica como os rituais da natureza, que arredaram a população portuguesa do seu património natural, para, depois, a trazerem de volta aos campos.
Foi em 1836 que germinou, em pleno solo ribatejano, a empresa que sobreviveu à monarquia, ao Estado Novo, e que tem sabido, ao longo dos tempos, fazer renascer tradições e suplantar mudanças sociais. É onde as aves planam a beijar os arrozais que se começa a escrever uma história que calcorreia o território da poesia e o da identidade de um país, de uma região e de vários setores económicos.
Há talento nas mãos de Rui Brito, o narrador de uma história onde as memórias perduram, mas onde também se deixam diluir em futuro infinito. A Companhia das Lezírias dissolve-se facilmente no ADN português, é património do Estado e um valor alto na continuidade da comunhão com a terra, com o povo e com a natureza. Com uma superfície arável a perder de vista, o horizonte de tempo por que se estende compreende “a nacionalização, em 1975, tendo passado, em 1989, a Sociedade Anónima de capitais exclusivamente públicos”. Hoje, as Lezírias são a simbiose perfeita entre o património nacional e a iniciativa privada.
O diretor financeiro da Companhia das Lezírias, empresa com quase 200 anos, recorda que abraçou, há 30, uma empresa “em que praticamente não havia computadores” e “as máquinas de outdesk eram obsoletas, muito grandes, sem ecrãs e faziam imenso barulho”.
Exímia nas suas técnicas agrícolas, de produção de culturas e animais, a Companhia ainda não se aventurava pelo campo das sinergias informáticas. Foi em 1998 que surgiu um adubo importante para o crescimento e sustentabilidade dos recursos da empresa: a antecedente da all@work, um parceiro que permitiu que a tecnologia “se espalhasse por toda a Companhia”.
Os 290 quilómetros que separam fisicamente as duas empresas são esbatidos numa “perspetiva de integração”, segundo o diretor financeiro Rui Brito, que acredita que a all@work possibilita “olhar para o processo” como um todo, um campo aberto cheio de possibilidades.
São novos tempos os que se vivem na empresa ribatejana que se atualizou “de acordo com as necessidades específicas do setor, com a agravante de haver exigências públicas a que tem de se responder cuidadosamente”, conforme explica Rui Brito. Os sistemas de informação podem ser férteis como os campos de milho, arroz, vinha, cortiça, de montado de sobro e tantas outras espécies. Onde a diversidade coexiste harmoniosamente, também a tradição e a inovação andam de mãos dadas. É o que a Companhia das Lezírias e a all@work têm provado, numa relação em que Rui Brito diz ter orgulho. “A all@work tem tido o cuidado e a preocupação de conversar sobre as funcionalidades do software para obter o máximo de sinergias possível” e “sonda, com cada vez mais regularidade, para rentabilizar recursos, para que o software evolua no sentido de ser mais facilitador e mais rico e para que se possa extrair dele mais informação”, concretiza o diretor financeiro, grande adepto das potencialidades da tecnologia.
A Companhia das Lezírias é, sobretudo, um espaço de encontro, onde são as pessoas que potenciam riqueza, e onde as métricas não são resultado de relações sazonais. Numa carta topográfica dos terrenos das Lezírias, Rui Brito aponta a importância das poucas pessoas que percorrem, com o seu trabalho, os milhares de hectares de onde brotam desafios diários. “É um erro desvalorizar as pessoas”, crê o diretor financeiro, que se refere às exigências de “fazer muito com as contingências que o espaço europeu estabelece”, com as adversidades “causadas pelo aquecimento global” e com as necessidades de “monitorizar culturas, desenvolvendo ações que permitam corrigir os mínimos erros que possam ocorrer”. É um trabalho árduo, mas é o orgulho que prevalece em Rui Brito, que vê “uma evolução extraordinária” a ocorrer na Companhia das Lezírias.
Não é só o crescimento do negócio que vem galopante pelos terrenos próximos a Samora Correia. Também os cavalos de criação, de raça lusitana, envergam o mesmo orgulho, que defendem nas provas de competição, e que se prende com o trabalho atento que a empresa tem desenvolvido ao nível da preservação de espécies. “As pessoas têm os olhos postos na Companhia, nas suas boas práticas e no exemplo que transmite”, afirma Rui Brito. A Companhia das Lezírias preocupa-se, também, em “criar conhecimento, apoiando trabalhos de investigação relacionados com as suas áreas de atividade.”
Olhar para o futuro é, por isso, continuar a colher o que as sementes de um bom trabalho fazem florescer. Numa empresa com uma área onde cabem mais de dois concelhos de Lisboa, a tradição de um Portugal inteiro e o futuro universal da tecnologia, continuarão a ser contadas histórias seculares. Também as duas décadas de parceria com a all@work se perpetuarão “com muito otimismo e esperança, sempre a melhorar”, com um sol espraiado a dourar os sucessos.